PARNASIANISMO
Movimento literário surgido na França em meados do século XIX, em oposição ao romantismo, o parnasianismo representou na poesia o espírito positivista e científico da época. Contemporâneo ao realismo e naturalismo na prosa, mas que apesar disso não apresenta as características dessas prosas, pelo contrário, apresenta características bem marcantes. O termo parnasianismo deriva de Parnaso, um monte da Grécia onde na antiguidade acreditava-se que habitariam o deus Apolo e as musas. Parnasianismo é sinônimo de artificialismo.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
1 Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, daí as palavras raras e rimas ricas.
2 Objetividade e impessoalidade: O poeta apresenta o fato, a personagem, as coisas como são e acontecem na realidade, sem deformá-los pela sua maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta posição combate o exagerado subjetivismo romântico.
3 Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo de compromisso, e se justifica por sua beleza.
4 Estética/Culto à forma: Como os poemas não assumem nenhum tipo de compromisso, a estética é muito valorizada. O poeta parnasiano busca a perfeição formal a todo custo.
Aspectos importantes para essa estética perfeita são:
4.1 Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também muito usada as rimas interpoladas.
4.2 Valorização dos Sonetos: É dada preferência para os sonetos, composição dividida em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a "chave" do texto no último verso.
4.3 Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas (versos alexandrinos), os mais utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis sílabas, etc.
5 Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos imóveis, sempre optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de Oliveira.
6 Temática Greco-Romana - A estética é muito valorizada no Parnasianismo, mas mesmo assim, o texto precisa de um conteúdo. A temática abordada pelos parnasianos recupera temas da antiguidade clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem comum os textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens marcados na história e até mesmo objetos.
7 Cavalgamento ou encadeamento sintático (enjambement) - Processo poético de divisão do sentido de um verso, completado no verso seguinte. Tática para priorizar a métrica e o conjunto de rimas. Este recurso poético foi usado não só no Parnasianismo como no Modernismo. Como exemplo, este verso de Olavo Bilac:
E paramos de súbito na estrada
Da vida:// longos anos, presa à minha
A tua mão, // a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.//
Da vida:// longos anos, presa à minha
A tua mão, // a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.//
PARNASIANISMO NO BRASIL
O movimento parnasiano teve grande importância no Brasil, não apenas pelo elevado número de poetas, mas também pela extensão de sua influência. Seus princípios doutrinários dominaram por muito tempo a vida literária do país.
A década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista, primeiras manifestações da reforma que acabou por se canalizar para o parnasianismo. As influências iniciais foram Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira. O parnasianismo surgiu timidamente no Brasil nos versos de Luís Guimarães Júnior (1880; Sonetos e rimas) e Teófilo Dias (1882; Fanfarras), e firmou-se definitivamente com Raimundo Correia (1883; Sinfonias), Alberto de Oliveira (Meridionais) e Olavo Bilac (1888; Poesias).
O parnasianismo brasileiro, a despeito (ciúmes) da grande influência que recebeu do parnasianismo francês, não é uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas. Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua preferência dominante é pelo verso alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especial o soneto.
PRINCIPAIS AUTORES
Olavo Bilac: Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865 – 1918) Estudou Medicina e Direito, mas abandonou ambos para se dedicar a Literatura. Foi o poeta popular, das estrelas, patriótico, do amor idealizado e carnal, e do pessimismo filosófico. Apesar de ser um dos poetas consagrados do parnasianismo Bilac nem sempre seguiu a risca as formalidades parnasianas. Vez ou outra se observa em seus textos certa valorização dos sentimentos que nos lembra do Romantismo.
Alberto de Oliveira: Antônio Mariano Alberto de Oliveira (1859 – 1937) cursou medicina e formou-se em farmácia. O mais parnasiano dos poetas seguiu a risca a ideologia parnasiana: poesia fria, descritiva, perfeição métrica. começou com a poesia romântica. Foi funcionário público e professor.
Raimundo Correia: Raimundo da Mota Azevedo Correia (1860-1911) formou-se em Direito e foi magistrado e diplomata. Considerado o poeta neorromântico, tom pessimista, reflexivo, filosófico. Aproximou-se do Simbolismo pela sua poesia amargurada e intensa.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1 - (FEI-SP) Leia com atenção:
“O objetivo da “arte pela arte” é o Belo, a criação da beleza pelo uso perfeito dos recursos artísticos; nesse sentido, levaram ao exagero o culto do ritmo, da rima e do vocabulário”;
“A partir de 1883, este movimento se define na Literatura Brasileira, sobretudo com os versos de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac”.
Assinale a alternativa que indica o movimento de que tratam os fragmentos acima:
a – Modernismo
b – Parnasianismo
c – Concretismo
d – Simbolismo
e – Naturalismo
a – Modernismo
b – Parnasianismo
c – Concretismo
d – Simbolismo
e – Naturalismo
2 - (Uneb – BA) São características parnasianas:
a – perfeição formal, preciosismo linguístico, objetivismo e desprezo pela arte útil.
b – preocupação excessiva com a forma, análise determinista do homem, subjetivismo e universalismo.
c – desprezo pela forma requintada, preocupação político-social, objetivismo e individualismo.
d – forma requintada, “arte-sugestão”, subjetivismo exacerbado e análise psicológica do homem.
e – impassibilidade (distanciamento das emoções), “poesia científica”, pessoalidade e tematização da natureza.
a – perfeição formal, preciosismo linguístico, objetivismo e desprezo pela arte útil.
b – preocupação excessiva com a forma, análise determinista do homem, subjetivismo e universalismo.
c – desprezo pela forma requintada, preocupação político-social, objetivismo e individualismo.
d – forma requintada, “arte-sugestão”, subjetivismo exacerbado e análise psicológica do homem.
e – impassibilidade (distanciamento das emoções), “poesia científica”, pessoalidade e tematização da natureza.
3 - Tendo em vista as características que nortearam a estética parnasianista, leia atentamente o poema que segue e depois o analise, procurando evidenciar tais pressupostos por meio de exemplos extraídos do próprio poema:
Vaso Chinês
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Alberto de Oliveira
4 - “A cavalgada” é uma criação artística de Raimundo Correia – representante parnasiano. Eis então que abaixo se encontra demarcado o poema em questão, cuja intenção é fazer com que você o analise, destacando, pois, as impressões voltadas para as características parnasianistas:
A Cavalgada
A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
E o bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
E o silêncio outra vez soturno desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
Respontas:
Resposta Questão 1
Infere-se como adequadas as informações prestadas na letra “B”, pois tal estilo de época (Parnasianismo) representou uma escola literária voltada para o culto à forma, preconizando a rima, os valores clássicos, a linguagem rebuscada, voltada, sobretudo, para um intenso preciosismo, entre outros aspectos. Acerca dos representantes, torna-se inegável que as afirmações em evidência tão bem os pontuaram, são eles: Raimundo Correia, Alberto de Oliveira e Olavo Bilac.
Resposta Questão 2
Ao analisarmos o poema em questão, sobretudo no que se refere à estética, constatamos, evidentemente, que se trata de um soneto, composto por dois quartetos (estrofes com quatro versos) e dois tercetos (estrofes com três versos). Aspecto esse que simbolizou uma das principais características da estética em questão – o retorno aos moldes clássicos, mais precisamente à Antiguidade clássica. Outro aspecto, que também demonstra essa preocupação com o culto à forma, diz respeito à posição das rimas, uma vez dispostas de forma cruzada, com bem nos demonstra os versos:
Fino artista chinês, enamorado,(a)
Nele pusera o coração doentio (b)
Em rubras flores de um sutil lavrado, (a)
Na tinta ardente, de um calor sombrio. (b)
Nele pusera o coração doentio (b)
Em rubras flores de um sutil lavrado, (a)
Na tinta ardente, de um calor sombrio. (b)
Bem ao gosto parnasianista, temos a linguagem, uma vez representada no poema como uma espécie de trabalho de ourivesaria, adornada, trabalhada, rica, voltada para um intenso preciosismo linguístico. O fato de a poesia não expressar nenhuma representatividade para o poeta, ele mesmo, dotado de uma impassibilidade nítida, parece se mostrar alheio, neutro à realidade a qual pinta, mesmo porque faz uso de um objeto (ora representado pelo vaso) para representar uma visão acerca do universo propriamente dito, aspecto esse materializado por meio dos seguintes versos:
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Resposta Questão 3
Atesta-se como verdadeira a alternativa demarcada pela letra “A”, haja vista que as características nela ressaltadas se encaixam perfeitamente à era em evidência – Parnasianismo. Dessa forma, enquanto que os representantes dos demais estilos de época, preocupando-se mais com o conteúdo, com a temática propriamente dita, encontravam em tal posicionamento uma forma de expressar a visão, a ideologia que mantinham frente à realidade que os cercava, os representantes parnasianos cultuavam a “arte pela arte”, ou seja, captavam a realidade de uma forma absolutamente neutra, longe de quaisquer preocupações de ordem social ou crítica.
Não menos relevante se evidenciavam o preciosismo linguístico e o objetivismo, visto que a “forma” representava a força-motriz de tais representantes, os quais valorizavam, acima de tudo, a composição impecável e rima perfeita, o que equivale dizer que a linguagem não ficava aquém de tais intenções, sendo essa envolta por um preciosismo implacável, constituída por um vocabulário altamente requintado.
Resposta Questão 4
As impressões por ele captadas, sobretudo no que diz respeito à forma, evidenciam-se por uma forma bastante cultuada na Antiguidade Clássica: o soneto. Quanto à disposição das rimas, notadamente se figuram as rimas interpoladas, representadas por meio dos seguintes versos:
A lua banha a solitária estrada... (a).
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,(b)
O som longínquo vem-se aproximando(b)
Do galopar de estranha cavalgada. (a)
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,(b)
O som longínquo vem-se aproximando(b)
Do galopar de estranha cavalgada. (a)
Quanto à questão da temática, elemento deixado em segundo plano por todos os representantes da estética em questão, percebemos o estilo do autor em preconizar a objetividade constante – característica essa de cunho relevante na época em pauta. Tal objetividade se manifesta em função do distanciar entre o eu lírico e a matéria poética propriamente dita, aqui transcrita como uma espécie de descrição no que tange às impressões captadas pelo poeta em relação à realidade que o cerca, manifestada pela mais nítida impassibilidade.
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