PARNASIANISMO
Movimento literário contemporâneo ao
realismo e naturalismo brasileiro. É essencialmente poético, ou seja, não
acontece na prosa. Surgido na França em meados do século XIX, em oposição ao
romantismo. Apesar de ser
contemporâneo ao realismo e naturalismo, o parnasianismo não apresenta as
características dessas prosas, pelo contrário, apresenta características
próprias bem marcantes. O
termo parnasianismo deriva de Parnaso, um monte da Grécia que era habitado pelo
deus Apolo e as musas. Parnasianismo
é sinônimo de artificialismo.
CARACTERÍSTICAS
GERAIS
1 Poesia
Descritiva: Buscavam
temas diretos. Falavam de objetos e cenas da natureza. O amor pelo objeto foi
um certo fetiche desse período.
2 Impassibilidade: Ser contra ao sentimentalismo. O poeta
parnasiano deveria ser objetivo, sem o exagero emocional do romantismo.
3
Esteticismo: Vem da
palavra estética. Os parnasianos estavam preocupados com a forma, com a beleza
de seus poemas. Ao contrário do romantismo que pregava os versos livres e
brancos (sem rimas). Pregavam a arte pela arte, ou seja, a arte vale por si,
não tem nenhum tipo de compromisso, só com a beleza.
Aspectos importantes para essa estética perfeita são:
3.1 Rimas Ricas: Quando obtidas com palavras para os quais só haja poucas
rimas possíveis. Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro
versos.
3.2
Valorização dos Sonetos: É dada preferência para os sonetos,
composição dividida em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três
versos. Revelando, no entanto, a "chave" do texto no último verso.
3.3
Metrificação Rigorosa: O
número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso, preferencialmente
com dez (decassílabos) ou doze sílabas (versos alexandrinos), os mais
utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro
verso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto
com seis sílabas, etc.
4
Retomada dos Modelos Clássicos: A antiguidade clássica é retomada por ser exemplo de perfeição e
beleza. É bem comum os textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários,
personagens marcados na história e até mesmo objetos.
5
Cavalgamento ou encadeamento sintático (enjambement) - Processo poético de divisão do sentido
de um verso, completado no verso seguinte. Tem como função priorizar a métrica
e o conjunto de rimas. Como exemplo, este verso de Olavo Bilac:
E paramos de súbito na estrada
Da vida:// longos anos, presa à minha
A tua mão, // a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.//
Da vida:// longos anos, presa à minha
A tua mão, // a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.//
PARNASIANISMO
NO BRASIL
O parnasianismo foi muito importante no
Brasil, devido a sua influência e o alto número de poetas. Mas o parnasianismo
brasileiro não foi uma copia do francês, pois não obedece a mesma preocupação
de objetividade, descrições realistas e cientificismo. É Contrário ao
sentimentalismo romântico, mas não
exclui o subjetivismo. Predomina
o soneto e o verso alexandrino com rimas ricas.
O movimento teve origem com Luís Guimarães
Júnior em 1880 e Teófilo Dias em 1882, mas firmou-se com Raimundo Correia
(Sinfonias; 1883), Alberto de Oliveira (Meridionais; 1884) e Olavo Bilac
(Poesias; 1888).
PRINCIPAIS
AUTORES
Olavo Bilac: Olavo Brás Martins dos
Guimarães Bilac (1865 – 1918) Estudou Medicina e Direito, mas abandonou
ambos para se dedicar a Literatura. Foi o poeta
popular, das estrelas,
patriótico, do amor idealizado e carnal, e do pessimismo filosófico. Apesar
de ser um dos poetas consagrados do parnasianismo Bilac nem sempre seguiu a
risca as formalidades parnasianas. Vez ou outra se observa em seus textos certa
valorização dos sentimentos que nos lembra do Romantismo.
Alberto de Oliveira: Antônio Mariano Alberto de Oliveira (1859 – 1937) cursou
medicina e formou-se em farmácia. O mais parnasiano dos poetas seguiu a risca a
ideologia parnasiana: poesia
fria, descritiva, perfeição métrica. começou com a poesia romântica. Foi
funcionário público e professor.
Raimundo Correia: Raimundo da Mota Azevedo Correia (1860-1911) formou-se em
Direito e foi magistrado e diplomata. Considerado o poeta neorromântico, tom pessimista, reflexivo,
filosófico. Aproximou-se do
Simbolismo pela sua poesia amargurada e intensa.
Referencias:
Em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/parnasianismo>. Acesso em
29 abril 2013.
BALDACINE, Otoniela. Movimentos
Literários. Em: <http://miniweb.com.br/literatura/artigos/movimentos_literarios.pdf>.
Acesso em 29 abril 2013.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1 -
(FEI-SP) Leia com atenção:
“O objetivo da “arte
pela arte” é o Belo, a criação da beleza pelo uso perfeito dos recursos
artísticos; nesse sentido, levaram ao exagero o culto do ritmo, da rima e do
vocabulário”;
“A partir de 1883, este
movimento se define na Literatura Brasileira, sobretudo com os versos de
Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac”.
Assinale a alternativa que
indica o movimento de que tratam os fragmentos acima:
a – Modernismo
b – Parnasianismo
c – Concretismo
d – Simbolismo
e – Naturalismo
a – Modernismo
b – Parnasianismo
c – Concretismo
d – Simbolismo
e – Naturalismo
2 - (Uneb
– BA) São características
parnasianas:
a – perfeição formal, preciosismo linguístico, objetivismo e desprezo pela arte útil.
b – preocupação excessiva com a forma, análise determinista do homem, subjetivismo e universalismo.
c – desprezo pela forma requintada, preocupação político-social, objetivismo e individualismo.
d – forma requintada, “arte-sugestão”, subjetivismo exacerbado e análise psicológica do homem.
e – impassibilidade (distanciamento das emoções), “poesia científica”, pessoalidade e tematização da natureza.
a – perfeição formal, preciosismo linguístico, objetivismo e desprezo pela arte útil.
b – preocupação excessiva com a forma, análise determinista do homem, subjetivismo e universalismo.
c – desprezo pela forma requintada, preocupação político-social, objetivismo e individualismo.
d – forma requintada, “arte-sugestão”, subjetivismo exacerbado e análise psicológica do homem.
e – impassibilidade (distanciamento das emoções), “poesia científica”, pessoalidade e tematização da natureza.
3 - Tendo em vista as
características que nortearam a estética parnasianista, leia atentamente o
poema que segue e depois o analise, procurando evidenciar tais pressupostos por
meio de exemplos extraídos do próprio poema:
Vaso Chinês
Estranho mimo aquele vaso!
Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês,
enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à
desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A
gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Alberto de
Oliveira
4 - “A cavalgada” é
uma criação artística de Raimundo Correia – representante
parnasiano. Eis então que abaixo se encontra demarcado o poema em questão, cuja
intenção é fazer com que você o analise, destacando, pois, as impressões
voltadas para as características parnasianistas:
A Cavalgada
A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam
da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
E o bosque estala,
move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
E o silêncio outra vez
soturno desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
Respostas
Resposta Questão 1
Atesta-se como verdadeira a
alternativa demarcada pela letra “A”, haja vista que as características
nela ressaltadas se encaixam perfeitamente à era em evidência – Parnasianismo.
Dessa forma, enquanto que os representantes dos demais estilos de época,
preocupando-se mais com o conteúdo, com a temática propriamente dita,
encontravam em tal posicionamento uma forma de expressar a visão, a ideologia
que mantinham frente à realidade que os cercava, os representantes parnasianos
cultuavam a “arte pela arte”, ou seja, captavam a realidade de uma forma
absolutamente neutra, longe de quaisquer preocupações de ordem social ou
crítica.
Não menos relevante se
evidenciavam o preciosismo linguístico e o objetivismo, visto que a “forma”
representava a força-motriz de tais representantes, os quais valorizavam, acima
de tudo, a composição impecável e rima perfeita, o que equivale dizer que a
linguagem não ficava aquém de tais intenções, sendo essa envolta por um
preciosismo implacável, constituída por um vocabulário altamente requintado.
Resposta Questão 2
As impressões por ele
captadas, sobretudo no que diz respeito à forma, evidenciam-se por uma forma
bastante cultuada na Antiguidade Clássica: o soneto. Quanto à disposição
das rimas, notadamente se figuram as rimas interpoladas, representadas por meio
dos seguintes versos:
A lua banha a solitária
estrada... (a).
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,(b)
O som longínquo vem-se aproximando(b)
Do galopar de estranha cavalgada. (a)
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,(b)
O som longínquo vem-se aproximando(b)
Do galopar de estranha cavalgada. (a)
Quanto à questão da
temática, elemento deixado em segundo plano por todos os representantes da
estética em questão, percebemos o estilo do autor em preconizar a objetividade
constante – característica essa de cunho relevante na época em pauta. Tal
objetividade se manifesta em função do distanciar entre o eu lírico e a matéria
poética propriamente dita, aqui transcrita como uma espécie de descrição no que
tange às impressões captadas pelo poeta em relação à realidade que o cerca,
manifestada pela mais nítida impassibilidade.
Resposta Questão 3
Ao analisarmos o poema em
questão, sobretudo no que se refere à estética, constatamos, evidentemente, que
se trata de um soneto, composto por dois quartetos (estrofes com quatro versos)
e dois tercetos (estrofes com três versos). Aspecto esse que simbolizou uma das
principais características da estética em questão – o retorno aos moldes
clássicos, mais precisamente à Antiguidade clássica. Outro aspecto, que também
demonstra essa preocupação com o culto à forma, diz respeito à posição das
rimas, uma vez dispostas de forma cruzada, com bem nos demonstra os versos:
Fino artista chinês,
enamorado,(a)
Nele pusera o coração doentio (b)
Em rubras flores de um sutil lavrado, (a)
Na tinta ardente, de um calor sombrio. (b)
Nele pusera o coração doentio (b)
Em rubras flores de um sutil lavrado, (a)
Na tinta ardente, de um calor sombrio. (b)
Bem ao gosto parnasianista,
temos a linguagem, uma vez representada no poema como uma espécie de trabalho
de ourivesaria, adornada, trabalhada, rica, voltada para um intenso preciosismo
linguístico. O fato de a poesia não expressar nenhuma representatividade para o
poeta, ele mesmo, dotado de uma impassibilidade nítida, parece se mostrar
alheio, neutro à realidade a qual pinta, mesmo porque faz uso de um objeto (ora
representado pelo vaso) para representar uma visão acerca do universo
propriamente dito, aspecto esse materializado por meio dos seguintes versos:
Estranho mimo aquele vaso!
Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Resposta Questão 4
Infere-se como adequadas as
informações prestadas na letra “B”, pois tal estilo de época (Parnasianismo)
representou uma escola literária voltada para o culto à forma, preconizando a
rima, os valores clássicos, a linguagem rebuscada, voltada, sobretudo, para um
intenso preciosismo, entre outros aspectos. Acerca dos representantes, torna-se
inegável que as afirmações em evidência tão bem os pontuaram, são eles:
Raimundo Correia, Alberto de Oliveira e Olavo Bilac.
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